Razões para consultar um psicólogo

Antigamente, pensava-se que apenas alguém que era “louco” ou alguém que sofria de um “colapso nervoso” tinha motivos para procurar um psicólogo.

Hoje em dia, os psicólogos ainda tratam distúrbios mentais graves, mas também podem prestar serviços por outros motivos. Hoje em dia, muitos de nós sentimo-nos perdidos ou vazios, num mundo que realça e assenta na superficialidade e na gratificação imediata. Mas a verdade é que o “plano original” com que todos nascemos foi o de sermos uma pessoa saudável, feliz e com uma vida tranquila. A esse “plano original”, que todos temos ainda seja qual for a nossa condição de vida presente, “foram acrescentados uns anexos”, nem sempre de acordo com o plano, que deturparam e, muitas vezes, prejudicaram de forma séria o nosso plano de vida original. No entanto, qualquer pessoa pode beneficiar de serviços psicológicos que melhoram e mantêm a sua saúde física e mental e que promovem a honestidade e a intimidade na vida cotidiana.

Problemas e sintomas

Mesmo que todos possam beneficiar da orientação psicológica, nem toda a gente quer procurar um psicólogo. Eis a razão por que algumas pessoas precisam mesmo de ajuda psicológica.

Problemas

Vamos começar por definir a natureza de um problema. O que é ou em que consiste um “problema”? 

Existe um problema quando há uma discrepância entre o que você está a fazer ou sentir e aquilo que você gostaria de sentir ou fazer.

Quando você consegue colocar as coisas assim, em termos concretos tão claros quanto isso, quando você consegue saber bem o que quer em vez de apenas se focar naquilo que não quer (fazer, ter ou sentir), você não só sabe que tem um problema, mas também está no caminho certo para o resolver. E provavelmente você não precisa de ajuda profissional para isso.

No entanto, às vezes, podem surgir complicações que interferem na sua capacidade de resolver os seus próprios problemas: 

1. Pode acontecer que, apesar das suas melhores intenções para mudar as coisas, você não consegue avançar, sem compreender o que o impede de avançar. Na linguagem psicológica, você esbarrou com um “bloqueio não consciente” no seu caminho. E com a ajuda de um psicólogo experiente e acreditado, você pode superar qualquer obstáculo como esse.
2. Também pode acontecer que você simplesmente se sinta vagamente insatisfeito com a sua vida, mas não consegue ter uma noção clara de qual é o seu problema. Você sabe o que não quer, o que não deseja, o que o incomoda, mas não tem noção de para onde quer ir, o que quer ter, onde quer chegar. É como ligar o GPS do carro e não colocar lá nenhum destino sabendo apenas que não quer ficar onde está… Nesse caso, você pode consultar um psicólogo para o/a ajudar a definir o problema. Quando o problema estiver claramente definido, você poderá prosseguir por conta própria o seu caminho ou pode também vir a descobrir um qualquer bloqueio não consciente. A boa notícia, no entanto, é que, depois de aprender essa estratégia básica para definir e resolver problemas, para se focar nas soluções, é provável que você não precise mais de ajuda profissional. O desejo de um psicólogo sério e competente é que cada consulta que faz com o seu cliente seja a “última”, no sentido de que ensinou o cliente a “viajar sozinho na sua vida”, seguindo o caminho das soluções e, por isso, já não necessita da ajuda de um “GPS” profissional que o guie.

Sintomas

Se um problema não puder ser resolvido de forma clara e simples, pode transformar-se num sintoma ou numa síndrome (um conjunto complexo de sintomas). Um sintoma é uma ilusão criada pelo parte não consciente da sua mente com o objetivo, a intenção inconsciente de esconder de si a verdade feia da sua própria vida. Memórias de eventos da vida que estão “esquecidos” (guardados e perdidos no esquecimento) e que, de uma forma não consciente, sem qualquer possibilidade de o seu lado mental consciente poder perceber, estão agora a afetar a sua vida e a influenciar negativamente a forma como quer viver, como se quer sentir, como quer pensar…

Muitas pessoas tentam “livrar-se” dos sintomas “afogando-os” com excesso de trabalho, entretenimento ou jogo desregulado, sexualidade tóxica, abuso de substâncias (como comida, álcool ou drogas) ou outros hábitos e vícios não saudáveis. Mas, ironicamente, essas coisas acabam por causar apenas mais problemas que geralmente degeneram em mais sintomas. A única solução genuína para tratar um sintoma ou um conjunto de sintomas é fazer o trabalho psicológico necessário para enfrentar a verdade da sua vida, a verdade que você tanto teme admitir, focando-se na solução (Para quê? Para que serve isto na minha vida?) em vez de permanecer a olhar e a “esmiuçar” o problema, questionando-se e focando-se no PORQUÊ (Porquê isto em mim? Porquê comigo?…), sem perceber que assim apenas “se enterra” ainda mais no “poço” de onde aparentemente quer sair. 

Quando se caiu no poço e se precisa de ajuda, a ajuda não é saber porquê caiu no poço, porque saber porquê não o tira do poço. A ajuda é “sair do poço”, mesmo que não saibamos nunca o que nos fez lá cair…

E esse é o papel do Psicólogo, do Psicoterapeuta com competência, formação e acreditação profissional para o fazer: ajudar a sair do poço, seja qual for a razão que provocou essa queda no poço, fornecendo à pessoa todas as estratégias e recursos para que ela, focando-se na solução e centrada em si própria (numa terapia feita à medida, para cada pessoa em particular) possa sair do lugar onde está e não quer estar e encontre o caminho do lugar para onde quer ir e não tem sabido ir.

Está na hora de obter ajuda?

É difícil ou mesmo impossível ter uma vida sem desafios. Há alguns desafios na vida, no entanto, que podem ser tão ameaçadores a ponto de nos fazer pensar ser impossível seguir em frente.

Seja porque morreu um nosso ente querido ou porque somos confrontados com sentimentos avassaladores de ansiedade, é importante que uma pessoa saiba que existe ajuda disponível para todos os problemas/dificuldades que a vida lhe apresentar.

Estes são os motivos comuns pelas quais as pessoas procuram a ajuda de um psicólogo ou psicoterapeuta:

• Luto ou Perda

Todos sabemos que a morte é inevitável, mas saber disso não faz com que seja fácil lidar com ela. Toda a gente enfrenta ou já enfrentou a perda de um ente querido – seja um pai, um filho, um animal de estimação – de maneira diferente.

O luto e a tristeza causada por uma perda, seja ele vivido de uma forma aberta ou em privado, é um sentimento comum entre nós e pode até ser causado por perdas de coisas básicas que muito estimamos, por rompimentos de relacionamentos amorosos ou de amizade ou até pela perda/não realização de expectativas que tínhamos e não aconteceram. E podemos aprender a enfrentar a perda ou a evitá-la… Mas evitar a realidade da perda pode levar a problemas ainda mais duros e prolongados no tempo.

O luto pode mesmo tornar-se patológico… e causar danos sérios na nossa saúde mental.

Um psicólogo pode ajudar a encontrar as maneiras apropriadas para lidar com a morte de alguém próximo de si, ou com a perda de alguém ou alguma coisa que muito queria e por alguma razão deixou de ter.

• Stress e Ansiedade

Certas facetas da vida são stressantes e muitas situações, que podem ir de uma simples entrevista de emprego a problemas de relacionamento amoroso ou interpessoal passando por muitas situações que geram medo e insegurança, podem fazer com que você se sinta ansioso.

O stresse e a ansiedade, quando não adequadamente enfrentados, podem levar ao isolamento social, à depressão e a uma série de outros problemas na vida.

Um psicólogo pode ajudar a gerir o stresse e a ansiedade, encontrando a fonte ou a origem dos seus problemas, bem como as maneiras apropriadas de os superar.

• Depressão

Sentimentos esmagadores e muitas vezes incontroláveis de desamparo ou desesperança são sinais comuns de depressão.

E embora algumas pessoas acreditem e até lhe digam que “a depressão não é doença” e que você pode simplesmente “sair” da depressão, isso raramente acontece sem ajuda.

A depressão é uma perturbação de saúde mental comum, onde as pessoas perdem o interesse pelas coisas, experimentam fadiga e cansaço e em geral têm muitas dificuldades em controlar as suas emoções.

Os psicólogos podem ajudar a encontrar a origem da depressão, geralmente o primeiro passo para poder sentir-se melhor, além de ajudar também no evitamento das consequências que os processos de pensamento negativo podem causar na sua vida.

• Fobias

Ter medo de alturas (acrofobia) ou ter medo de aranhas (aracnofobia) são fobias comuns. Mas alguns medos incomuns e infundados (medos sem sentido) podem criar problemas graves na sua vida. Por exemplo, a sitofobia (medo de comer) ou a carpofobia (medo irracional de frutas), pode acarretar sérios problemas de saúde.

Outros medos ou fobias comuns, como a necrofobia (medo de morrer) ou a tanatofobia (medo da morte e tudo o que com ela se relaciona), a hipocondria (medo de adoecer), a aicmofobia (medo de agulhas), a hematofobia (medo de sangue), a monofobia (medo de estar sozinho), a claustrofobia (medo de estar em espaços fechados), a agorafobia (medo de multidões ou de espaços abertos), a gefirobobia (medo de pontes), a cinofobia (medo de cães), a entomofobia (medo de insetos), a catsaridafobia (medo de baratas), a ofidiofobia (medo de cobras), a nictofobia (medo do escuro, mais frequente em crianças), a musofobia (medo de ratos), a aerofobia (medo de andar de avião), a astrofobia (medo de relâmpagos ou trovões), a alodoxafobia (medo de ser criticado), a amaxofobia (medo de conduzir) ou a glossofobia (medo de falar em público), são medos e fobias que, nos casos mais graves, podem levar uma pessoa ao isolamento social, à dependência de substâncias, a síndrome de pânico ou a transtornos de ansiedade e depressão.

Um psicólogo experiente pode ajudar a começar a superar os seus medos, para que você possa viver sem polifobia (medo doentio de muitas coisas) ou sem fobofobia (medo doentio de ter medo ou fobias).

• Conflitos familiares e de Relacionamento

Os relacionamentos, sejam familiares, pessoais ou até relacionados com o trabalho, têm os seus altos e baixos. Embora os relacionamentos possam ser algumas das melhores coisas na nossa vida, eles também podem ser “tóxicos” e podem ser uma fonte de stresse e problemas graves de difícil superação.

Trabalhar com um psicólogo, individualmente ou em grupo, pode ajudar a resolver as feridas que até nos relacionamentos mais fortes se podem criar.

• Hábitos e vícios não saudáveis

Alguns hábitos não saudáveis – como fumar, beber e consumir drogas – são muitas vezes mecanismos de defesa inconscientes para fugir a problemas emocionais mais sérios e mais profundos.

O psicólogo, além de poder ajudar a resolver esse tipo de problemas mais profundos, também pode ajudar a lidar com os problemas imediatamente enfrentados pela sua saúde, como os vícios ou comportamentos aditivos, os maus hábitos e distúrbios ou perturbações alimentares, as perturbações e problemas de sono e outros hábitos e vícios que perturbam e reduzem a sua qualidade de vida.

• Aumento e Melhoria do Desempenho e do Rendimento

Algumas das pessoas mais bem-sucedidas atingem os seus objetivos visualizando-os primeiro, antes de os procurarem alcançar.

Os atletas de alto rendimento, em geral, preparam-se mentalmente para uma competição com tanta intensidade quanto a que usam para treinar fisicamente o seu corpo. Outras pessoas, em geral, utilizam essa técnica mental de “visualização guiada” para se prepararem proactivamente para eventos de vida que sejam desafiadores.

Tal como você “ensaia” mentalmente um discurso antes de o proferir, o seu psicólogo pode ajudá-lo a preparar-se para grandes eventos, para que possa ter o melhor desempenho, seja numa competição desportiva, no rendimento escolar ou simplesmente numa entrevista de emprego.

• Clareza mental

Um psicólogo pode ajudar a melhorar a sua clareza mental, funcionando como “um par de ouvidos” imparcial que “escuta” ativamente o que você quer dizer ou exprimir. E, muitas vezes, uma pessoa encontra as suas próprias soluções para os problemas que julga ter, simplesmente ouvindo-se a falar em voz alta, durante a terapia, em que o psicólogo coloca as questões certas e se limita a “escutar”, sem interferir, como se fosse um “GPS” que guia a sua mente no caminho da solução que procura.

Expor simplesmente os seus problemas e dificuldades, em campo aberto, ajuda a pessoa a melhorar a sua clareza mental, ser mais capaz de se concentrar e ficar mais orientado e focado na tarefa que precisa realizar. Os psicólogos são treinados para serem ótimos ouvintes e, com as perguntas adequadas (sem julgamentos críticos), orientar a pessoa para a meta da sua vida onde se encontra a solução que procura para a sua dificuldade.

• Perturbações Mentais

Às vezes, sintomas múltiplos são causados por problemas maiores.

Os transtornos e perturbações mentais podem manifestar-se de várias maneiras. Em geral os distúrbios mentais aparecem disfarçados como se fossem outra coisa e só podem ser descobertos com a ajuda de um profissional de saúde mental.

Alguns transtornos mentais com sintomas múltiplos podem incluir perturbações graves de personalidade, perturbação depressiva major, perturbação de stress pós-traumático ou mesmo trauma complexo, alterações graves do humor ou mesmo desordens psicóticas que implicam tratamento multidisciplinar.

Encontrar a ajuda certa

Um psicólogo pode ser uma ferramenta útil no seu “kit de saúde”.

Ao ajudá-lo a manter uma mente clara e gerir qualquer stresse, ansiedade, fobias e outros problemas que você enfrenta, um psicólogo pode ajudá-lo a tirar o máximo proveito da vida e mantê-lo livre de sintomas de depressão e outros problemas de saúde mental.

O primeiro passo é encontrar um psicólogo local, experiente e licenciado pela Ordem dos Psicólogos, e iniciar um relacionamento aberto, comunicativo e próspero, baseado na confiança e na aliança terapêutica necessárias entre cliente e terapeuta. Depois disso, tudo se resume a trabalhar juntos para maximizar a sua saúde mental e ajudá-lo a viver uma vida melhor.

Partilhar no Facebook