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Crianças em terapia: uma visão caótica da disfuncionalidade

Crianças em terapia: uma visão caótica da disfuncionalidade
Junho 14, 2021News

Muitas vezes, os comportamentos das crianças e adolescentes dizem muito sobre as relações e dinâmicas familiares e sociais. Portanto, na presença da disfuncionalidade, a melhor opção é recorrer à terapia psicológica.

Nos últimos tempos, os tratamentos para crianças e adolescentes têm aumentado e, na tentativa de buscar uma explicação para o fenómeno da disfuncionalidade, encontramos a sua origem nos fatores sociais.

O contexto em que tais fatores estão imersos vem a ser uma espécie de armazém de significados que dão sentido tanto a pequenas atitudes quanto a situações de maior relevância. 

Vamos nos aprofundar mais nesse tema a seguir.

Do caos social ao familiar

No âmbito educacional, as escolas primárias e secundárias vivenciam um desenvolvimento crescente de códigos de agressão e violência entre os alunos, embora seja um reducionismo restringir a violência apenas ao território escolar.

Seria válido perguntar, então, porque não deveria haver violência na escola, se nos diferentes contextos sociais a agressão aparece como uma constante? Campos de futebol, acidentes de trânsito, corrupção em diversos níveis, ataques de rua em que pessoas são agredidas e roubadas.

No trabalho, existe um clima de instabilidade que leva a abusos de poder e maus-tratos, razão pela qual a economia atual criou uma população desocupada e marginal de pobres muito pobres, mas, além disso, de pessoas pobres cheias de raiva e ressentimento. Como se isso não bastasse, a televisão mostra uma proliferação de filmes de programas que não identificam qualquer tipo de interesse, que apresentam conflitos do show business ou de pessoas famosas.

Considerando que uma sociedade deveria fornecer a uma criança ou adolescente parâmetros identificadores que lhe permitam entender o que é correto ou incorreto, mas suas referências são a estupidez, a corrupção e a violência, quais as imagens de saúde ela pode realmente oferecer?

A situação de crise que ameaça, e se concretiza no dia a dia, revela de maneira descarada situações problemáticas e conflituosas que se acentuam: famílias em crise que injetam uma parcela de neurose em cada um de seus membros. A disfuncionalidade não está mais à espreita, ela ataca.

A família está imersa no contexto social e é um processo inevitável que, em maior ou menor medida, reproduz as fortunas e incompatibilidades da sociedade à qual pertence.

Nos tempos atuais, vive-se um clima familiar homólogo ao social. As pessoas vivenciam uma exigência excessiva em um contexto de trabalho que as sujeita à desqualificação permanente: todos somos dispensáveis.

Em casa, muitos casais pouco se comunicam. Eles se apegam ao anedótico e cotidiano: pagamentos, pequenos relatos do dia e pouca profundidade e reflexões sobre suas vidas. Não se trata de mover muito a estabilidade imperativa e se encontrar diante de outro caos: a separação. Porém, a impotência produzida por tal estilo de vida é uma ameaça, expressando-se por meio de respostas tortas que rapidamente se tornam gigantescas com o famoso “efeito bola de neve”.

O clima de tensão permanente somado aos ataques de agressão constituem uma atmosfera que retroalimenta sentimentos de repreensão, raiva, baixa auto-estima e impotência em cada um de seus membros.

Os filhos e os sintomas da disfuncionalidade

Os filhos vivem sob esse padrão de comportamento. Os pais se tornam menos tolerantes diante das suas proposições. A exigência com pouco espaço para reivindicações cria uma situação de violência.  Contudo, o clima de tensão conjugal ultrapassa esse perímetro. Ambos os pais começam a envolver os filhos no circuito conflituoso do casal.

Cada filho entra na disputa, tentado a pertencer a um dos lados. Se os pequenos se apegarem ao pai, ficarão com raiva do que a mãe faz para o pai, mas ao mesmo tempo se sentirão culpados por pensarem dessa forma sobre sua mãe e vice-versa. A culpa e a raiva ajudam a manter o clima de perturbação familiar.

A complexidade da comunicação rapidamente se complica. Esses sentimentos dos filhos são transportados para outros contextos, ou seja, começam a surgir comportamentos sintomáticos na segunda casa: a escola.

Ali, a criança reproduz o estilo de comunicação que aprendeu na família, mas ao mesmo tempo drena o insuportável acúmulo de angústias que carrega. Basta que repita alguns atos violentos para ser rotulada como a criança “agressiva” da sala. E é possível que, assim que isso aconteça, a criança comece a desenvolver transtornos de aprendizagem. Entre uma coisa e outra, ela se torna alvo de denúncias e brincadeiras dos colegas, o que a faz se sentir segregada e, por isso, vai acabar reagindo com violência, confirmando assim o seu rótulo de “agressiva”.

Os pais, por meio das convocações escolares que solicitam sua presença, das más notas e das chatices, concentram sua atenção nesse filho, colocando em prática um repertório de prémios e castigos, geralmente ineficazes.

Agora, a criança não é um problema só na escola, mas também em casa. No entanto, o sintoma é sábio: a criança pôde descarregar em algum lugar seu estado de angústia, e conseguiu fazer com que os pais de alguma forma se aproximassem dela e se distraíssem das discussões que ameaçavam uma separação. Essas ações encadeiam-se em um circuito sem fim e, se não forem interrompidas a tempo, levarão ao caos e ao desespero, que pode ser um dos caminhos dos transtornos mentais.

Fazer terapia para lidar com a disfuncionalidade a tempo

Em parte, graças à desmistificação da associação entre loucura e psicoterapia, os pais que mantêm algum traço de saúde recorrem ao recurso de um espaço terapêutico com a expectativa de reverter os sintomas dos filhos e resolver a disfuncionalidade.

Existem terapeutas que optam por entrevistar os pais e realizar uma série de sessões individuais com a criança. Nessas sessões, em crianças a partir dos 4 ou 5 anos, por exemplo, emprega-se o que é chamado de “hora da brincadeira”, em que os sinais do conflito serão expressos e decodificados por meio do lúdico.

O sintoma desencadeado pela criança pode expressar (é tudo uma questão de saber ler a mensagem que o sintoma manifesta) os problemas em um casal de pais em constante litígio, a não tolerância a uma separação, a experiência de desunião ou fragmentação familiar, entre outros exemplos. Desse modo, a terapia familiar torna-se inevitável, o que mostrará a interação dessa família e os consequentes comportamentos sintomáticos de um dos filhos que se tornou o fusível do sistema.

Qualquer que seja a forma de trabalho terapêutico realizado com crianças ou adolescentes, é essencial que sejam práticas que forneçam as ferramentas e os recursos necessários para conseguir reverter o processo de disfuncionalidade que faz adoecer.

Os pais devem ser informados do que está acontecendo e se responsabilizar pela produção do problema que está centralizado em um filho. Do contrário, o fato de não assumir a responsabilidade e pensar que o sintoma é próprio da criança ou do adolescente, e que não tem nada a ver com eles, não vai resolver nada e, além disso, vai produzir “mais do mesmo” repetidamente.

A psicoterapia constitui-se como um espaço de reflexão e aprendizagem. Um verdadeiro computador e corretor dos desvios que desestabilizam o bem-estar, como a disfuncionalidade. Num contexto de mal-estar generalizado, de angústias persistentes, de incertezas e ansiedades, de estabilidade da instabilidade, o que mais se quer é que as crianças recuperem o sorriso!

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