O Presente no Presente
Era uma vez um jovem chamado André, que vivia numa aldeia rodeada de montanhas. Desde pequeno, ele sonhava em alcançar o topo da mais alta montanha, chamada Futuro. Diziam que lá havia um jardim magnífico, onde todos os sonhos se tornavam realidade. André passou a vida a planear a sua subida, mas, quanto mais pensava no caminho, mais dúvidas tinha: “E se eu não for forte o suficiente? E se a montanha for demasiado íngreme? E se eu nunca lá chegar?”
Todos os dias, André sentava-se ao pé de uma árvore e olhava para a montanha, imaginando o jardim. Passaram semanas, meses, anos… até que, num dia frio de inverno, uma mulher idosa e curvada por um manto de anos caminhou até ele. Chamava-se Sofia e trazia consigo uma pequena caixa nas mãos.
— O que olhas com tanto fervor, rapaz? — perguntou ela.
— O Futuro — respondeu André, apontando para o cume da montanha. — É lá que está tudo o que sempre desejei.
Sofia sorriu com ternura e sentou-se ao lado dele.
— Já foste lá?
— Não — confessou André. — Tenho medo de não conseguir chegar.
A idosa abriu a pequena caixa, revelando um pedaço de papel vazio e uma caneta.
— Escreve o teu maior sonho aqui.
André hesitou, mas acabou por escrever: “Quero ser feliz e sentir-me realizado.”
Sofia leu e, sem dizer nada, dobrou o papel e colocou-o de volta na caixa. Depois entregou-lha.
— Toma, André. Este é o teu presente.
Ele ficou confuso.
— Mas… não há nada aqui além das minhas palavras.
— Exatamente — respondeu Sofia. — O jardim que procuras não está na montanha. Está dentro de ti. É feito das pequenas sementes que plantas todos os dias, no agora. Cada vez que fazes algo que te aproxima desse sonho — uma palavra gentil, um momento de coragem, um passo no caminho — estás a regar esse jardim. O Futuro que desejas não é algo distante; é um presente que podes oferecer a ti mesmo no presente, agora!. Podes tornar o teu futuro presente!
André olhou para a caixa nas suas mãos e, pela primeira vez, reparou que o sol brilhava sobre a aldeia, que os pássaros cantavam, que o mundo à sua volta era, também, um jardim.
A partir desse dia, André começou a caminhar, mas não para alcançar o topo da montanha. Caminhou para cuidar do seu jardim, um momento de cada vez. E, à medida que o fazia, descobriu que o Futuro que sempre desejou estava, afinal, a crescer no presente que vivia.